China: presidente se pronuncia sobre religiões

Sun Chunlan (esquerda), chefe do departamento de trabalho da Frente Unida, do Partido Comunista Chinês, discursa em reunião da Frente Unida em Pequim. (Foto: Xinhua/Wang Ye)
Sun Chunlan (esquerda), chefe do departamento de trabalho da Frente Unida, do Partido Comunista Chinês, discursa em reunião da Frente Unida em Pequim. (Foto: Xinhua/Wang Ye)

Ao final da reunião da “Frente Unida”, que congrega os pequenos partidos não comunistas, associações da indústria e do comércio, grupos étnicos e religiosos, o presidente da China, Xi Jinping, afirmou que o curso das religiões na China deve ser independente de influência estrangeira. O evento aconteceu em Pequim de 18 a 20 de maio, e as informações são das agências Xinhua e Asia News.

“Deve-se esforçar ativamente para incorporar as religiões à sociedade socialista”, disse ele. Ele prometeu implementar totalmente a política do Partido Comunista Chinês em relação à religião, e tratar desses assuntos conforme a lei. Ele ainda pediu uma atitude “balanceada” em relação às religiões, “pesando os prós e os contras”, afirmou a agência estatal chinesa Xinhua.

Na prática, isso significa que os católicos chineses não podem ter por liderança o papa, que é visto como “influência estrangeira”. Isso indica que a Igreja Católica terá ainda uma longa vida “subterrânea” no país mais populoso do mundo, porque não é possível ser católico sem a “liderança” do pastor universal, vigário de Cristo na terra, sediado em Roma. Existe na China uma igreja “católica” oficial, que segue as orientações do governo, inclusive por vezes ordenando bispos sem o consentimento do papa, e outra, clandestina, totalmente fiel a Roma.

O presidente chinês falou ainda em “liberdade religiosa”, que é entendida apenas como liberdade de crença, mesmo sem liberdade de culto.

Entrementes, a agência Fides informou no sábado (23) que diversas dioceses católicas realizaram ordenações presbiterais neste mês de maio. Uma das celebrações contou com mais de 3 mil fiéis. O mês mariano foi escolhido para confiar as vocações a Nossa Senhora.

Opinião de Visão Católica

A notícia oriunda da reunião da “Frente Unida” não é boa, mas também não representa novidade nas relações entre o governo chinês e a Igreja Católica. As tentativas de evangelização da China remontam ao século XIII, e, 1576, foi erigida a primeira diocese chinesa, em Macau, sob tutela portuguesa. Em 1615, o papa Paulo V permitiu o uso da língua chinesa na celebração da missa. Com um grande esforço de inculturação, o cristianismo ingressou até na corte do “Império do Meio”. Mesmo com a proibição do uso da língua local a partir de 1698, a missão naquela terra continuou até ver um grave declínio quando da “querela dos ritos”, com a proibição das missões cristãs pelo imperador Kangxi em 1721, a proibição dos “ritos chineses” pela Santa Sé em 1742, e a extinção da Companhia de Jesus em 1773.

A situação atual, porém, se deve às políticas adotadas pelo governo comunista após a revolução de 1948, liderada por Mao Tsé Tung. Nos anos 1950, os católicos chineses foram obrigados a ficar sob a tutela da Associação Patriótica Católica Chinesa (cismática) e a cortar os vínculos com o papa. Desde então, a política de proibir a vinculação ao bispo de Roma permanece, com uma lenta e gradual redução da tensão em anos recentes, inclusive com a ordenação de bispos aprovados ao mesmo tempo pelo governo chinês e pelo papa.


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